terça-feira, 12 de maio de 2015

Crítica de "I Love Paraisópolis", por André Araújo

Por André Araújo
Em maio de 2015

O que é uma boa novela?...É aquela que tem uma história consistente e convincente ou é aquela que, por pura “devoção” do telespectador, por mania mesmo de sintonizar na Rede Globo, deixa a TV ligada no horário mesmo que não se importe com o que está sendo exibido?... Nesses tempos de luz cara, é um risco. Mas como existe telespectador demais e grandes atrações de menos, alguma coisa sempre vai dar audiência; repito,mesmo que não se preste atenção no que está no ar.

De 1990 para cá, a Rede Globo tem pago um preço alto para se manter no topo.Sem dúvida alguma, é (ainda!) a  emissora de TV mais vista no Brasil, mas não mais campeã em todos os horários,como já foi um dia. E depois do sucesso que foi a novela “Pantanal”, de Benedito Rui Barbosa, que dominou todas as rodas de conversas sobre novelas naquele ano de 1990, nunca mais a emissora fundada pelo falecido jornalista Roberto Marinho foi a mesma.

E em 1990, se a novela das seis,"Barriga de Aluguel”,de Glória Perez (só para citar um exemplo!),era sucesso absoluto,a das sete,”Mico Preto”, de Marcílio Moraes,ia mal das pernas,ao mesmo tempo em que “Meu Bem,Meu Mal”,de Cassiano Gabus Mendes, começava a deslanchar. Na  época,isso era motivo de grande preocupação,o que fazia a direção geral da emissora arrancar os cabelos, uma vez que até 1989 todas as novelas exibidas, até  mesmo no “Vale a Pena Ver de Novo”, eram líderes de audiência do começo ao fim. Isso era uma regra. Daí em diante,tudo começou a mudar, já que as concorrentes criaram coragem de investir pesado para concorrer também,causando grande alvoroço no meio artístico, e sobrando vaga de emprego para todos os profissionais da área, que passaram a ser valorizados por seus contratantes.

Muitos atores e atrizes do primeiro time, que estavam fora do mercado, com uma ou outra atuação no teatro,ou ponta em alguma novela, foram contratados a peso de ouro,mesmo que continuassem fora do ar; era a tal de “reserva” que alguns autores exigiam para as novelas que ainda estavam ganhando forma nas sinopses,só para que a emissora tal não os contratasse antes. Em 1993,por exemplo, o autor Flávio de Souza foi contratado para escrever uma novela para o SBT chamada “Mariana, a Menina de Ouro”.

Silvio Santos contratou meio mundo de profissionais e a novela nunca saiu do papel. O contrato de cada um expirou e...nada! Havia dinheiro demais e estrutura de menos.E nada aconteceu. Enfim,os anos se passaram, e as novelas também. Apelo popular tornou-se uma regra desde o sucesso de “Avenida Brasil”,de João Emanuel Carneiro,em 2012,onde as classes “C”,”X”,”Y” e “Z” passaram se reconhecer em seus “a perder de vista" de tantos personagens. Mas se a saga da justiceira “Nina” (Débora Falabella) agradou,o mesmo não se pode dizer de “Morena”(Nanda Costa),que protagonizou sua substituta,”Salve Jorge”, de Gloria Perez, novela essa que foi polêmica pelo excesso de história, e problemática para a autora e a emissora, que sofreram duras críticas do começo ao fim, já que a trama revelou-se sem foco e confusa em todos os sentidos.

Então...Com a “proliferação” de mocinhas-barraqueiras-arrogantes-com-a-resposta-pronta-na-ponta-da-língua, eis que a nova novela das sete,”I Love Paraisópolis”,de Alcides Nogueira, que nunca acertou ao “aterrissar-solo”,vem aí com mais uma “comunidade” em xeque, onde, mais uma vez (precisava mesmo?), sua  protagonista, ”Marizete” (Bruna Marquezine, ou seria uma “Lurdinha” de “Salve Jorge” repaginada?), tem a arrogância como cartão de visita e não “abaixou a crista” em momento algum, nem mesmo na cena onde ela joga um balde de tinta vermelha sobre o “Benjamin” (Maurício Destri) conseguiu abaixar as armas, sendo estúpida do princípio ao fim da sequência. 

"Pelamor” de Deus! Quem mora em favela/comunidade não consegue mostrar boa educação nunca?  É alguma crítica  aos menos favorecidos pela nossa economia? Esse povo não lê,não vai à escola,bnão sabe nem mesmo o que  é uma faculdade? De doer. E esse  tipo de mocinha enjoadinha apresentada na nova trama das sete não tem  mesmo por que agradar; e esse pseudo carisma que os autores acreditam que elas têm, não é nada inteligente. Deseduca, para ser mais exato. Se for sucesso, será imitada por meio mundo de garotas da mesma faixa etária, acreditem.

Tatá Werneck, que é engraçadíssima,veio com uma personagem, "Danda", disposta a ganhar o público na primeira fala, mas... Que dicção foi essa que eu sinceramente não ouvi? Triste! Se a atriz tinha uma voz chatinha em “Amor à Vida”, do Walcyr Carrasco, a atriz voltou muito pior. Será que o Wolf Maya,diretor da novela, não se deu conta disso? E o que dizer de Caio Castro ("Grego") e Letícia Spiller ("Soraya")? Os personagens podem até ser caricatos, mas a “interpretação” dos atores (?) beira mesmo o mau gosto! Mas se a audiência da estreia foi boa...Pobre dos telespectadores que vão acompanhar todos os próximos capítulos!

***

André Araújo é um apaixonado por novelas. Tanto que ele escreve algumas por aí e publica pela internet, arrebatando fãs e distribuindo inspiração. Da cabeça dele já saíram grandes personagens. Entre as novelas virtuais, é autor de "Uma Vez Na Vida! e "Flor de Cera", que será lançada em breve e tem até grupo no Facebook - neste link.
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