quinta-feira, 2 de abril de 2015

Porque "Babilônia" vai de mal a pior - uma análise contundente

André Araújo*

No ar há três semanas e com o sugestivo título de “Babilônia”, Gilberto Braga (mesmo sem querer?), já chegou provocando a classe evangélica com o título, começo da rejeição dos religiosos à trama. A situação ficou mais alarmante ainda com a cena do beijo entre as veteranas Fernanda Montenegro e Natalia Timberg que, na história,são casadas há mais de 30 anos.Os mais conservadores (ou seriam hipócritas?) não curtiram e os evangélicos caíram de pau em cima. Contra,claro. O primeiro capítulo, sem sombra de dúvida, "causou" em todos os sentidos e o Brasil inteiro terminou de assisti-lo com aquela sensação de “O que será que teremos amanhã?”.

Mas à partir do segundo capítulo,o que os telespectadores assistiram foi um desastre. Na estreia,”percebemos” que as vilãs de Glória Pires e Adriana Esteves seria duas cobras najas um em perseguição à outra, mas já no segundo capítulo...As duas de “mãos dadas”? Nada a ver. Avalanche de gelo sobre o fogo. Para piorar,a péssima escolha de Camila Pitanga como mocinha batalhadora e sempre com o nariz empinado e com um texto pífio sobre honestidade e boa conduta na ponta da língua, é o que podemos chamar verdadeiro uó! 


Nem a Raquel de Regina Duarte em “Vale Tudo”(1988), do mesmo Gilberto Braga, com o mesmo discurso,conseguiu ser tão insuportável quanto essa tal de Regina da "Babilônia". Seria uma Raquel Aciolly jovem? Uó mesmo! Pura falta de imaginação e pouco talento da atriz que a interpreta (Camila Pitanga teve seu “boom” com a Bebel de “Paraíso Tropical”, tal qual teve Cristiana Oliveira com sua Juma em "Pantanal"! ). Nada a ver. Estamos em 2015 e os tempos, creiam, são de verdade outros. E, por mais que seja comum sabermos de notícias onde pais e filhos trocam tapas e tiros, nos depararmos com filhos assim em pleno horário nobre da Rede de Televisão mais vista no nosso país, é uma verdadeira lata de gordura no estômago do telespectador.Triste! Nem Manoel Carlos, que sempre escreve sobre mães capachos, permitiu que uma de suas filhas na ficção esbofeteasse a mãe, por mais vontade que a ingrata tivesse.

Como se não bastasse isso, qual o problema da personagem da Adriana Esteves com a vilã da Glória Pires? Surto de inveja por que não foi reconhecida quando a primeira se apresentou à segunda depois de uns 20 anos uma longe da vida da outra? Nada a ver. Trama insossa, absolutamente desnecessária.Para perseguir a vilã,a personagem “Inês” precisaria de uma mágoa do passado “plausível” que convencesse e não um besteirol de dois minutos.


Outra: que personagem é esse do Marcos Palmeira?...De bolar de rir. De desgosto,diga-se de passagem.Uma caricatura dos políticos que tão bem transitaram por todas as novelas que Dias Gomes criou. Ninguém percebe a “vaga” semelhança? Triste. Ou seria uma homenagem ao criador da novela “Roque Santeiro”? Se for,ainda assim está mal feito.
 

Pra fechar,Gilberto Braga sempre foi considerado o mais chique de todos os escritores de novelas.Ambientar sua mocinha numa favela não tem nada a ver com ele.(De quem terá sido a ideia?) A não ser que sua protagonista vá se casar com o vilão rico antes do vigésimo capítulo para deixar de lado toda sua breguice e hiper falta de educação.Como todo mundo sabe, o criador da megera Odete Roitman tem pressa para que seus personagens pobres fiquem ricos logo; afinal,o que é a vida do autor de “Babilônia” senão o glamour? Até parece que ele escreve a novela para seus íntimos, que também devem ser glamourosos. Trama suburbana só funciona mesmo nas mãos de Glória Perez ou Aguinaldo Silva.Fato!
 

Mas quem sabe algo de bom não acontece na cabeça do nosso Gilberto Braga? “Babilônia” se passa no moderno ano 2015 mas, mesmo assim, o que o telespectador quer ver é uma história de amor que seja coerente, mesmo com uma vilã no meio para atrapalhar o idílio, e sem nunca fugir do velho folhetim, com cartas anônimas denunciando alguma coisa ou até mesmo vídeo pornô de uma boa mãe de família circulando pelo WhatsApp..É preciso também tirar da personagem da Camila Pitanga o texto de “politicamente” correto que a mocinha carrega na ponta da língua o tempo todo. Ser batalhador não é isso. Regina Duarte, mesmo com todo seu talento e experiência, sofreu muita crítica contra sua personagem na época de “Vale Tudo”. Agora na nova novela, só falta mesmo a chatinha protagonista encontrar uma mala com um milhão de dólares dentro e correr para a Polícia Federal e entregá-la, ganhando as páginas de todos os grandes jornais como a “Mulher Honesta do Nosso Brasil”.

-KKKKKKKKKKKKKKKKK!!!

 

Em suma: dos mais conservadores aos mais liberais, o atual público das telenovelas ainda não se identificou com a novela “Babilônia”. Hora de seus autores desligarem o “piloto automático” e tratarem de reformular sua história. Ainda dá tempo. Glória Perez conseguiu milagres com a novela “América”, em 2005, mesmo sozinha.”Babilônia” conta com três autores principais.S erá que nem assim há jeito? É esperar pra ver mesmo, já de olho em outro canal.

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*André Araújo é um apaixonado por novelas. Tanto que ele escreve algumas por aí e publica pela internet, arrebatando fãs e distribuindo inspiração. Da cabeça dele ja saíram grandes personagens. Entre as novelas virtuais, é autor de "Uma Vez Na Vida! e "Flor de Cera", que será lançada em breve e tem até grupo no Facebook - neste link.
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