segunda-feira, 30 de março de 2015

Tudo sobre "Avenida Brasil" e a "Lei do Retorno"

André Araújo*

Em 26 de março de 2012 o Brasil sentou-se diante da TV para acompanhar, em “Avenida Brasil”,novela de João Emanuel Carneiro, a saga da pobre garota Nina (Mel Maia) que é jogada,literalmente,no lixo pela madrasta má Carminha (Adriana Esteves).


Sem ter a noção exata do que significa “Lei do Retorno”,a grande megera da novela assinava,sem saber,sua sentença de eterna desgraça que começaria à partir do capítulo 100,consolidando de vez a trama como o programa de TV mais assistido e comentado no Brasil.

João Emanuel Carneiro prometeu uma novela inovadora,o que assustou alguns noveleiros.”Novela inovadora?” A última vez que algo assim foi noticiado nas revistas especializadas,tivemos que nos deparar com uma trama confusa e absurda,exibida pela extinta TV Manchete, entre dezembro de 1991 e junho de 1992, a novela “Amazônia”, de Jorge Duran, inexperiente como escritor de novelas,que passou despercebida e acabou por catapultar a emissora de Adolpho Bloch para o começo do fim (a Tv Manchete foi fechada,cheia de dívidas,em 1998!). 

Mas o autor de “Avenida Brasil” deve ter mudado de ideia, pois o que vimos na telinha da Rede Globo foi um novelão típico,novelão mesmo,desses cheios de clichês,onde tudo que parecia óbvio,foi surpreendendo a todos a cada capítulo, dos 179,exibidos! Até mesmo na fase mais complexa,que foi aquela onde a mocinha “vingadora”, Nina (Débora Falabella),tinha a vilã nas mãos e cometeu todos os vacilos para perder as provas que colocariam a megera de vez em seu devido lugar, ou seja,na sarjeta.

Com tantas provas nas mãos, nossa mocinha cheia de gás e estrategista, não abriu a mente para guardar em e-mails,álbuns de perfis em rede sociais ou até mesmo num simples CD,todas as fotos que fizera da grande vilã nos braços do amante! Mais absurdo, impossível! Mas como se tratava de uma obra de ficção,o autor, claro, usou a desculpa do velho chavão “liberdade poética” e a novela seguiu com um público fiel diante da televisão. E foi assim até o final,quando atingiu seu clímax e o maior ibope já registrado nos últimos tempos para uma telenovela.

Claro que em “Avenida Brasil” nem tudo foi motivo de aplausos; as tramas secundárias eram fracas, mas ainda assim,o Brasil inteiro se rendeu ao talento do autor, considerado, desde “A Favorita” (2008), também de sua autoria, o verdadeiro sucessor de Janete Clair.

Em 19 de outubro de 2012, data de exibição do último capítulo de “Avenida Brasil”, o país parou para assistir ao desfecho da novela e também para chorar diante da redenção de Carminha, a mega-vilã que, de megera, tornou-se a protetora de Nina, salvando-a por duas vezes da morte.

Mesmo com seus furos e falhas no roteiro, é inegável o super sucesso de “Avenida Brasil”, e o jogo de cintura do autor para mantê-la como a “coqueluche” do ano,o que nos fez voltar no tempo 24 anos, 1988, quando “Vale Tudo”, do até então imbatível Gilberto Braga, fazia o Brasil extasiar-se diante das maldades de sua vilã, desejando um castigo “irreparável” para a terrível Odete Roitman (Beatriz Segall), que fazia o diabo na vida de todos os personagens da trama.

Suspeitos para sua morte não faltaram.E assim como o Brasil parou em 6 de janeiro de 1989 para saber a identidade do assassino da matriarca dos Roitmans, em 19 de outubro de 2012,esse mesmo Brasil sentou-se diante da TV para saber o destino final da turma do Divino, bairro onde se ambientou as melhores tramas da novela..

Saudade do tempo em que fazia gosto sentar-se diante da TV e acompanhar as novelas como se a realidade lá fora não existisse. Velhos tempos.

***

*André Araújo 
é um apaixonado por novelas. Tanto que ele escreve algumas por aí e publica pela internet, arrebatando fãs e distribuindo inspiração. Da cabeça dele ja saíram grandes personagens. Entre as novelas virtuais, é autor de "Uma Vez Na Vida! e "Flor de Cera", que será lançada em breve e tem até grupo no Facebook - neste link.
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